quarta-feira, 20 de junho de 2012


Meu maracatu é acalmado
Não tem o que lamentar
Tem batuque de encantar
Com sabor incomparável
Chocolate pra apimentar
Tem cortejo pra acompanhar
A roda é de dançar
A alegria mora lá


Lidiane Cursino 




Tem mais de mim aí 
Do que aqui
Eu sou mais você
Do que eu mesma
Eu sinto teu cheiro
Mais cheiroso que o meu
Necessito do teu beijo
Tanto quanto respirar
Preciso da tua calmaria
A completar meu avexar


Lidiane Cursino




Hoje ficou fácil
Entrelaçar as palavras
Costurar as frases
Dá sentido
Ao nosso namorar
De onde estou vejo
As palavras
Dançantes sobre o papel
Ansiosas e exibidas
Prontas para te mostrar
A sintonia do rimar


Lidiane Cursino


Meu patuá
Te quero junto
Sempre perto
Muito esperto
Pra minha sorte renovar
Meu amuleto
Corrente neutra
Minha reza
Pula onda meu credo
Pra me fazer acreditar


Lidiane Cursino


O teu cheiro é tão presente
Como é teu meu pensamento
Que nunca se desvia
Do nosso enamorar
A cada dia vejo
A mudança do enredo
Que se faz preciso
Pro nosso amor casar


Lidiane Cursino


A cada gesto
Uma atitude
Que decide
Minha sorte
De ao teu lado ficar
A cada sorriso
Uma certeza
Que me chega
Dizendo claramente
É você que eu quero amar


Lidiane Cursino 


Tá doído
Muito sofrido
A saudade suportar
Em cada canto um desejo
Me remete nosso lar
Os pensamentos me transportam
Ora aqui ora acolá
Em cada trilha dividida
A vida nos ensina
Que é a nossa sina
Ir sem querer voltar


Lidiane Cursino 


Entoei uma canção desafinada 
Para dizer que maracatu combina com blues 
Para dizer que não tem regra pra me banhar em tu
Catirina avexada que descompassa meus discursos 
E que desenfreia meu corpo 
Que me arrebata de quereres 
benditos e bendizeres. 


Alexandre Lucas

segunda-feira, 11 de junho de 2012

pOeMaS aVexAdOs



Quem ama não mede 
Nem pede 
Somente cede 
E muitas vezes impede
A tristeza de chegar
Do amor tem sede
Esse alimento leve
Que derrete a neve
E o coração ferve
Quando nele amanhece
Ajudando a nos salvar

Lidiane Cursino



Lembrar dos momentos
Da nossa cumplicidade
Desejos sentidos
Sentimentos contrariados
Rostos recortados
Expectativas lançadas
Defeitos contrastam
Compostos realçados
Vidas cruzadas
Unidos pela necessidade
Grudados pela vontade
De sermos unificados

Lidiane Cursino

Diferenças são persistentes
Teimam em voltar
Num vai e vem como as ondas do mar
Mas o amor permanece
Não vai por aqui estar
E não volta porque não se foi.

Lidiane Cursino 

Estrangeiro, forasteiro
Nativo do Estado Espiritual
Guardião do amor
Andarilho do meu reino
Dobrador das causas impossíveis
Já não mais peregrino
E sim, 
Amante do meu mundo.

Lidiane Cursino

A saudade nos acompanha
Ela mora com a gente
Quando achamos que ela foi pra outro lugar 
A danada retorna
Tão intensa
Tão dolorosa
Que só o calor do teu corpo
E o gosto do teu beijo
É capaz de mandá-la embora
Por isso te quero perto
Bem juntinho de mim
Meu chamego inflamado
Meu jardim aflorado

Lidiane Cursino

Quando a noite chega
E a falta de sono me inquieta
É você que me alegra
Com seu jeito de falar
Quando o medo
Vira pesadelo
Sua companhia é meu apelo
E você com todo apreço
Noite adentro
Se dispõe a me escutar

Lidiane Cursino

Minha mandinga
Meu despacho de Xangô
Africano brasileiro
Negro de branca cor
Feiticeiro do amor
Mágico de encantar
Amuleto de patuá
Trazido junto, reunido
Pro teu corpo validar 

Lidiane Cursino

Que hômi é esse?

Interiorano
Filho do sertão
Herdeiro do estado espiritual
Romântico, apaixonado
És tu
Liberdade absoluta
Que veio
Abalar minhas estruturas
Mudar o meu discurso
Renovar meu velho mundo

Lidiane Cursino

O aprendizado se fez concreto
Com uma dúzia de palavras
Todas destroçadas
Na esperança guardada
E você, aparece e reaparece
Transitando entre as laudas
Dando um sentido novo
As frases recortadas
Poeta, artista maternal
Pai maravilhoso
Amante ideal
Caboclo Marxista
Disputa dos orixás

Lidiane Cursino

Seus versos, poesias e poemas
São palavras que me alimentam
Aquecem meus sentimentos
Abrasam as noites frias
Como um fogo suave
Guerreiro das terras desconhecidas
Morador das terras inabitáveis do meu coração
Norte da minha razão
Bússola do meu caminho

Lidiane Cursino

E a vida se fez bela
Plena, completa
Perpétua como a tradição popular
Nascida de um sonho que não morre jamais
De um desejo doce
De entrar na ciranda da vida
E contigo brincar 

Lidiane Cursino

Você chegou como luz
Que faltava na minha vida
Veio pra iluminar meus pensamentos
Cativar meus sentimentos
Com discurso tão sereno 
Um artista marxista
Apaixonado pela vida
Tornou-se meu alento

Lidiane Cursino

Eu fui pro Crato
Ver o olho do furacão
A expectativa de quantidade
Me cegou a razão 
Quando finalmente pude ver
Visão mais bela não há
Teu gosto a me gostar
Teu corpo a me tocar
A calmaria a se instalar
Pro meu ser alumiar

Lidiane Cursino

Ganhei o aconchego dos teus versos 
Como sustância do dia 
Injetei o sabor da tua melodia 
Nas veias borbulhantes que me destes 
Do riso que tirastes da face seca 
Fez tambor para batucar 
em olhinhos
Chuvosos de alegria
Cantoria de terreiro 
Brotando poesia 
Alumiando o destino guerreiro. 

Alexandre Lucas 

E o vento veio forte 
Como que quisesse me abraça a terra 
o sonho acelerou o medo 
disse que era Oxossi 
com a força da floresta 
nem sei o que é Oxossi 
mas sei que é diferente de oxe
no meio da madrugada tua voz foi minha água 
minha massagem de alma 
e a musica de ninar
que faz o sonho chegar. 

Alexandre Lucas 

Escolhi quebrar as estruturas 
E estourar as bolhas 
Nas quais eu me guardava 
Dançar com o fogo 
Para ressuscitar a alma 
Visitar os bosques 
Conhecer os cheiros 
E apreciar as estéticas florais 
Aprender com o toque que afaga 
E com a distância que aperta. 

Alexandre Lucas

Nega-índia 
Mestiça 
Misturada de saberes 
Mandingueira e caboclinha 
Meu rosário, cobertor e linha 
Frivião de carinhos 
Alimento de ternura 
Cultivo de culturas 
Alinhamentos
Que fazem ninhos. 

Alexandre Lucas 

Quando a saudade bate 
E o desejo sacode a alma 
Emendo a distância com a presença da lembrança 
E monto no lombo das palavras 
Para chegar de longe 
Como sino de capela 
Subtraio os dedos para encurtar os dias
Para nos fazemos jardim poesia. 

Alexandre Lucas

O café chegou cedinho 
Adoçado com doce de palavras
Com gosto de abraço quentinho 
Veio na ginga angolana 
com faca amolada 
para fechar o corpo 
e abrir a encruzilhada 

Alexandre Lucas 

Entre rios e mares
Somos águas
Que se fazem versos 
Para professar desejos 
Levamos pedras e desfazemos barreiras 
para recompomos o nosso itinerário
que deve ter o cheirinho do aconchego de criança 
e os batuques de um sonho libertário. 

Alexandre Lucas

O poema vida 
Embrulhou-se nos lençóis de sonhos
Fez vinda e ida 
Fez trincheira e guarita 
Saiu pedalando sobre as nuvens 
E dançando coco em cima do sol
O poema vida é assim mesmo 
Andarilho e guerreiro 
Traquino, inesperado
Que sai dobrando vidro 
e perfumando os caminhos com lavanda de primavera.

Alexandre Lucas

Que venha a guerrilheira com seus molotovs de ternura 
Com sua artilharia de revolução 
Com seu traquejo assanhado 
Com seu batuque afinado 
Para festejar o coração 
Que venha de Catirina
Para brincar no terreiro
E levantar purina
Que venha com asas libertárias
Para debulhar os céus
E cambalhotear 
Num mar e sacolejar os véus. 

Alexandre Lucas

O poeta joga a parede de concreto 
Cacos, traços e poeira se espalham 
E a alfaia anuncia a morte adulterada da verdade
E a poesia se refaz assanhada e doce
Inquieta e guardiã 
Nas brechas do asfalto do coração 
Brota cheiro, flor e canção 
Cumplicidade, lealdade e liberdade 
E um jarrinho de saudade
Esperando o calor do teu compasso 
E a água do teu abraço. 

Alexandre Lucas

Estou em dilúvio de ternura
Saciando  da maça de uma nova aurora 
Compondo mistura 
Num guisado instigado 
De um tempero aprovado  
Com perfume encantado 
Sigo alumiado 
O rastro enfeitiçado
Que me embrulha para os teus braços. 

Alexandre Lucas    

Rasgo-me de felicidade 
Quando tem tempestade de flores
E frutos de palavras doces 
Nado como golfinho 
Nos teus mares de prazer 
Trago o teu cheiro impregnado nos meus sonhos
e o teu olhar massageando o meu. 

Alexandre Lucas 

Queria um buquê de mãos
Para cheirar e sentir 
A companhia catirina e companheira 
O gingado de olhos 
E o canto indecifrável de prazer
Depois queria o aconchego da luta, 
O carinho das palavras 
e um carrossel de sonhos. 

Alexandre Lucas

Teus versos 
Engatilharam tiros 
E dispararam sabores 
E atrevido 
Coloquei-me estendido 
No centro do alvo 
Intensamente aberto 
Prazerosamente perfurável
E coloridamente florido 
Para receber o alvejar das tuas balas 
E o despertar de um coração adormecido.   

Alexandre Lucas 

E as roupas se espalharam
Enquanto os  corpos se unificavam 
E  mãos se transbordavam em tochas de prazer
Tecendo orações e ladainhas de desejos
Em louvor  de santa Eva
A bendita pecadora 
Dos infinitos livramentos
que com sua boca deliciosa
nos ensinou todos os  mandamentos. 

Alexandre Lucas  

O meu tempero tem gostinho 
De sabor irreconhecível 
Tem cheiro de floresta 
e som de neblina, cantoria de trovão. 
Tem feitiço, mandinga e revolução
Tem o preparo em panela de nuvens
Para ninar a alma com versinhos de céus. 

Alexandre Lucas 

O artista toca fogo no sol
Incendeia os mares 
Desenha uma maçã, pinta de azul e come
Veste um paletó de nudez 
E arregalas os olhos 
Escancara desesperadamente um sorriso
Faz cara de triste
Senta no vaso sanitário e canta alegremente 
Toma banho de chocolate 
Acorrenta-se com um rosário
e diz isso não é normal. 

Alexandre Lucas

Perseguirei os sonhos 
De jeito intenso 
Como os raios solares
Buscarei atingir a lua 
E o brilho caleidoscópico das estrelas 
Hoje sou fábrica de desejos
Fabrico a vida 
Com o toque dos nossos sonhos

Alexandre Lucas

Queria um buquê de mãos
Para cheirar e sentir 
A companhia catirina e companheira 
O gingado de olhos 
E o canto indecifrável de prazer
Depois queria o aconchego da luta, 
O carinho das palavras 
e um carrossel de sonhos. 

Alexandre Lucas

Nega dos maracás e das alfaias 
dos tambores encantados 
que benze meus desejos 
com teus acalentos sonoros 
meu som avexado 
e meu canto de ninar
Mulher dos toques e batuques
Que faz meu pensamento dançar... 

Alexandre Lucas

Ofereço-te uma flor de pensamentos
E uma semente
Põe ela no jarrinho do teu coração 
E com a ternura de tuas lágrimas 
Rega nossa plantinha
E assim reinventaremos
Nossos jardins 
Quando não estivemos na primavera.

Alexandre Lucas 

Quando nossa poesia brota
Quero vê-la 
palavra avoada 
brilhante como pupurina 
tacando brilho pelos cantos 
bailarinando com assopro
e varrendo nosso terreiro.

Alexandre Lucas

Recortei alguns papeis 
Para desenhar com cortes uma flor 
Coloquei na tela para regar nosso jardim
Aguado de ternura 
E a flor se refez/desfez e se transformou
Em punhos de revolução e rebuliço de calmaria.

Alexandre Lucas

Mesmo não tendo 
O toque das tuas mãos 
Sinto em cada palavra 
A ponta dos teus dedos 
Escrevendo com magia 
O mistério da nossa sintonia. 

Alexandre Lucas