Quem ama não mede
Nem pede
Somente cede
E muitas vezes impede
A tristeza de chegar
Do amor tem sede
Esse alimento leve
Que derrete a neve
E o coração ferve
Quando nele amanhece
Ajudando a nos salvar
Lidiane Cursino
Lembrar dos momentos
Da nossa
cumplicidade
Desejos sentidos
Sentimentos contrariados
Rostos recortados
Expectativas lançadas
Defeitos contrastam
Compostos realçados
Vidas cruzadas
Unidos pela necessidade
Grudados pela vontade
De sermos unificados
Lidiane Cursino
Diferenças são persistentes
Teimam em voltar
Num vai e vem como as ondas do mar
Mas o amor permanece
Não vai por aqui estar
E não volta porque não se foi.
Lidiane Cursino
Estrangeiro, forasteiro
Nativo do Estado Espiritual
Guardião do amor
Andarilho do meu reino
Dobrador das causas impossíveis
Já não mais peregrino
E sim,
Amante do meu mundo.
Lidiane Cursino
A saudade nos acompanha
Ela mora com a gente
Quando achamos que ela foi pra outro lugar
A danada retorna
Tão intensa
Tão dolorosa
Que só o calor do teu corpo
E o gosto do teu beijo
É capaz de mandá-la embora
Por isso te quero perto
Bem juntinho de mim
Meu chamego inflamado
Meu jardim aflorado
Lidiane Cursino
Quando a noite chega
E a falta de sono me inquieta
É você que me alegra
Com seu jeito de falar
Quando o medo
Vira pesadelo
Sua companhia é meu apelo
E você com todo apreço
Noite adentro
Se dispõe a me escutar
Lidiane Cursino
Minha mandinga
Meu despacho de Xangô
Africano brasileiro
Negro de branca cor
Feiticeiro do amor
Mágico de encantar
Amuleto de patuá
Trazido junto, reunido
Pro teu corpo validar
Lidiane Cursino
Que hômi é esse?
Interiorano
Filho do sertão
Herdeiro do estado espiritual
Romântico, apaixonado
És tu
Liberdade absoluta
Que veio
Abalar minhas estruturas
Mudar o meu discurso
Renovar meu velho mundo
Lidiane Cursino
O aprendizado se fez concreto
Com uma dúzia de palavras
Todas destroçadas
Na esperança guardada
E você, aparece e reaparece
Transitando entre as laudas
Dando um sentido novo
As frases recortadas
Poeta, artista maternal
Pai maravilhoso
Amante ideal
Caboclo Marxista
Disputa dos orixás
Lidiane Cursino
Seus versos, poesias e poemas
São palavras que me alimentam
Aquecem meus sentimentos
Abrasam as noites frias
Como um fogo suave
Guerreiro das terras desconhecidas
Morador das terras inabitáveis do meu coração
Norte da minha razão
Bússola do meu caminho
Lidiane Cursino
E a vida se fez bela
Plena, completa
Perpétua como a tradição popular
Nascida de um sonho que não morre jamais
De um desejo doce
De entrar na ciranda da vida
E contigo brincar
Lidiane Cursino
Você chegou como luz
Que faltava na minha vida
Veio pra iluminar meus pensamentos
Cativar meus sentimentos
Com discurso tão sereno
Um artista marxista
Apaixonado pela vida
Tornou-se meu alento
Lidiane Cursino
Eu fui pro Crato
Ver o olho do furacão
A expectativa de quantidade
Me cegou a razão
Quando finalmente pude ver
Visão mais bela não há
Teu gosto a me gostar
Teu corpo a me tocar
A calmaria a se instalar
Pro meu ser alumiar
Lidiane Cursino
Ganhei o aconchego dos teus versos
Como sustância do dia
Injetei o sabor da tua melodia
Nas veias borbulhantes que me destes
Do riso que tirastes da face seca
Fez tambor para batucar
em olhinhos
Chuvosos de alegria
Cantoria de terreiro
Brotando poesia
Alumiando o destino guerreiro.
Alexandre Lucas
E o vento veio forte
Como que quisesse me abraça a terra
o sonho acelerou o medo
disse que era Oxossi
com a força da floresta
nem sei o que é Oxossi
mas sei que é diferente de oxe
no meio da madrugada tua voz foi minha água
minha massagem de alma
e a musica de ninar
que faz o sonho chegar.
Alexandre Lucas
Escolhi quebrar as estruturas
E estourar as bolhas
Nas quais eu me guardava
Dançar com o fogo
Para ressuscitar a alma
Visitar os bosques
Conhecer os cheiros
E apreciar as estéticas florais
Aprender com o toque que afaga
E com a distância que aperta.
Alexandre Lucas
Nega-índia
Mestiça
Misturada de saberes
Mandingueira e caboclinha
Meu rosário, cobertor e linha
Frivião de carinhos
Alimento de ternura
Cultivo de culturas
Alinhamentos
Que fazem ninhos.
Alexandre Lucas
Quando a saudade bate
E o desejo sacode a alma
Emendo a distância com a presença da lembrança
E monto no lombo das palavras
Para chegar de longe
Como sino de capela
Subtraio os dedos para encurtar os dias
Para nos fazemos jardim poesia.
Alexandre Lucas
O café chegou cedinho
Adoçado com doce de palavras
Com gosto de abraço quentinho
Veio na ginga angolana
com faca amolada
para fechar o corpo
e abrir a encruzilhada
Alexandre Lucas
Entre rios e mares
Somos águas
Que se fazem versos
Para professar desejos
Levamos pedras e desfazemos barreiras
para recompomos o nosso itinerário
que deve ter o cheirinho do aconchego de criança
e os batuques de um sonho libertário.
Alexandre Lucas
O poema vida
Embrulhou-se nos lençóis de sonhos
Fez vinda e ida
Fez trincheira e guarita
Saiu pedalando sobre as nuvens
E dançando coco em cima do sol
O poema vida é assim mesmo
Andarilho e guerreiro
Traquino, inesperado
Que sai dobrando vidro
e perfumando os caminhos com lavanda de primavera.
Alexandre Lucas
Que venha a guerrilheira com seus molotovs de ternura
Com sua artilharia de revolução
Com seu traquejo assanhado
Com seu batuque afinado
Para festejar o coração
Que venha de Catirina
Para brincar no terreiro
E levantar purina
Que venha com asas libertárias
Para debulhar os céus
E cambalhotear
Num mar e sacolejar os véus.
Alexandre Lucas
O poeta joga a parede de concreto
Cacos, traços e poeira se espalham
E a alfaia anuncia a morte adulterada da verdade
E a poesia se refaz assanhada e doce
Inquieta e guardiã
Nas brechas do asfalto do coração
Brota cheiro, flor e canção
Cumplicidade, lealdade e liberdade
E um jarrinho de saudade
Esperando o calor do teu compasso
E a água do teu abraço.
Alexandre Lucas
Estou em dilúvio de ternura
Saciando da maça de uma nova aurora
Compondo mistura
Num guisado instigado
De um tempero aprovado
Com perfume encantado
Sigo alumiado
O rastro enfeitiçado
Que me embrulha para os teus braços.
Alexandre Lucas
Rasgo-me de felicidade
Quando tem tempestade de flores
E frutos de palavras doces
Nado como golfinho
Nos teus mares de prazer
Trago o teu cheiro impregnado nos meus sonhos
e o teu olhar massageando o meu.
Alexandre Lucas
Queria um buquê de mãos
Para cheirar e sentir
A companhia catirina e companheira
O gingado de olhos
E o canto indecifrável de prazer
Depois queria o aconchego da luta,
O carinho das palavras
e um carrossel de sonhos.
Alexandre Lucas
Teus versos
Engatilharam tiros
E dispararam sabores
E atrevido
Coloquei-me estendido
No centro do alvo
Intensamente aberto
Prazerosamente perfurável
E coloridamente florido
Para receber o alvejar das tuas balas
E o despertar de um coração adormecido.
Alexandre Lucas
E as roupas se espalharam
Enquanto os corpos se unificavam
E mãos se transbordavam em tochas de prazer
Tecendo orações e ladainhas de desejos
Em louvor de santa Eva
A bendita pecadora
Dos infinitos livramentos
que com sua boca deliciosa
nos ensinou todos os mandamentos.
Alexandre Lucas
O meu tempero tem gostinho
De sabor irreconhecível
Tem cheiro de floresta
e som de neblina, cantoria de trovão.
Tem feitiço, mandinga e revolução
Tem o preparo em panela de nuvens
Para ninar a alma com versinhos de céus.
Alexandre Lucas
O artista toca fogo no sol
Incendeia os mares
Desenha uma maçã, pinta de azul e come
Veste um paletó de nudez
E arregalas os olhos
Escancara desesperadamente um sorriso
Faz cara de triste
Senta no vaso sanitário e canta alegremente
Toma banho de chocolate
Acorrenta-se com um rosário
e diz isso não é normal.
Alexandre Lucas
Perseguirei os sonhos
De jeito intenso
Como os raios solares
Buscarei atingir a lua
E o brilho caleidoscópico das estrelas
Hoje sou fábrica de desejos
Fabrico a vida
Com o toque dos nossos sonhos
Alexandre Lucas
Queria um buquê de mãos
Para cheirar e sentir
A companhia catirina e companheira
O gingado de olhos
E o canto indecifrável de prazer
Depois queria o aconchego da luta,
O carinho das palavras
e um carrossel de sonhos.
Alexandre Lucas
Nega dos maracás e das alfaias
dos tambores encantados
que benze meus desejos
com teus acalentos sonoros
meu som avexado
e meu canto de ninar
Mulher dos toques e batuques
Que faz meu pensamento dançar...
Alexandre Lucas
Ofereço-te uma flor de pensamentos
E uma semente
Põe ela no jarrinho do teu coração
E com a ternura de tuas lágrimas
Rega nossa plantinha
E assim reinventaremos
Nossos jardins
Quando não estivemos na primavera.
Alexandre Lucas
Quando nossa poesia brota
Quero vê-la
palavra avoada
brilhante como pupurina
tacando brilho pelos cantos
bailarinando com assopro
e varrendo nosso terreiro.
Alexandre Lucas
Recortei alguns papeis
Para desenhar com cortes uma flor
Coloquei na tela para regar nosso jardim
Aguado de ternura
E a flor se refez/desfez e se transformou
Em punhos de revolução e rebuliço de calmaria.
Alexandre Lucas
Mesmo não tendo
O toque das tuas mãos
Sinto em cada palavra
A ponta dos teus dedos
Escrevendo com magia
O mistério da nossa sintonia.
Alexandre Lucas